domingo, 21 de junho de 2020

SÁBADO NO CLUBE

A Felicidade às vezes resume-se em alguns minutos que marcam tanto nossa memória que jamais esquecemos. Eu era garoto, tinha 15 anos de idade, trabalhava como office boy numa Companhia de Seguros no centro de São Paulo e nos finais de semana adorava ir a um clube na Mooca, chamado Centro Educacional da Mooca. Lá a diversão era garantida pelo complexo de três enormes piscinas que proporcionavam a alegria de tantos garotos e garotas dos bairros da periferia.
      Aos sábados, levantava-me bem cedinho, tomava um demorado banho, alimentava-me com deliciosas rabanadas preparadas por mamãe, colocava meu short jeans, camiseta regata, chinelo havaiana e seguia assobiando até o ponto de ônibus mais próximo de casa.
      O Sol enchendo o dia de alegria penetrava pelas janelas do coletivo dando sinais que o dia seria maravilhoso. Descia na Av. Radial Leste, passava na banca de jornal e comprava uma revista chamada “POP” e o jornal O Pasquim e seguia alegremente até o clube da Mooca.
      O bom dia ao porteiro era espontâneo e carregado de “Muito Obrigado por existir aquele clube maravilhoso”.
      Sentava-me nas macias e confortáveis poltronas de uma enorme sala de descanso, folheava a revista POP e encantava-me com fotos de praias maravilhosas, lugares encantadores e hippies andando pelo Mundo. Viajava nas páginas e ficava imaginando a alegria daqueles fotógrafos, jornalistas em fazer uma viagem tão linda.
      O tempo ia passando e as pessoas iam vagarosamente chegando ao clube, porque sábado era e ainda é um dia propício para dar espaço para a alma e fazer tudo com mais calma.
      Às vezes quando estava lendo um artigo da revista ou do Jornal, ficava tão compenetrado que esquecia que estava num clube e só ouvia os cantos dos pássaros saudando o dia maravilhoso.
      De tanto frequentar o clube, consegui uma namoradinha chamada Rebeca, a mesma morava na periferia e frequentava o clube assiduamente todos os finais de semana.
      A beleza de Rebeca era indescritível, era morena, cabelos longos, olhos verdes e adorava ler; a leitura foi um bom começo para o inicio do nosso singelo relacionamento.
      Sempre que Rebeca chegava ao clube, entrava sorrateiramente e sentava-se ao meu lado, às vezes nem percebia a presença da garota, mas o perfume que ela usava invadia meu olfato e denunciava sua presença e ela dizia calmamente:
-  Nossa, este artigo que você está lendo deve ser muito bom, pois nem percebeu minha presença!
Um pouco envergonhado, levantava-me e dava um carinhoso beijo na sua face e pedia mil desculpas pela distração. Ela sorria, abraçava-me e íamos tomar um delicioso café na cantina do clube.
       Lá pelas 10 horas entrávamos na piscina e ficávamos apreciando o que existia de mais encantador: O Sábado, a piscina e o lindo sorriso da minha querida namoradinha chamada Rebeca.

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