quinta-feira, 17 de setembro de 2020

CACHORRO LOUCO

 Eu tinha sete anos e minha companheira era a teimosia, eu realmente era muito teimoso, quando pediam para eu não fazer nada que poderia me prejudicar então era hora da teimosia entrar em ação

Adorava empinar pipas, assim como todos os garotos da região onde eu morava e nosso local predileto era em um grande parque existente na frente da residência da nossa família. Geralmente eu ia empinar pipas com meu pai, aos domingos de manhã e nem sempre existia vento suficiente para colocar minha pipa no ar. Minha mãe nunca deixava eu ir ao parque sozinho. Então eu ficava observando os moleques empinarem as pipas do muro que existia em frente a nossa residência e ficava muito triste e zangado por não poder estar empinando pipas com meus amiguinhos. Resolvi tomar uma atitude drástica e fui falar com minha mãe da minha revolta, da minha tristeza em ver meus amiguinhos empinando pipas e eu não poder participar e fui logo dizendo:

— Mãe, porque a senhora não deixa eu empinar pipas com meus amiguinhos? Ela calmamente pediu que eu sentasse em uma cadeira e foi falando.

sabe porque meu filho, porque é perigoso estar sozinho no parque e você ouviu dizer que tem um homem pegando crianças, colocando em um saco e depois joga dentro de um rio? Fiquei alguns minutos pensando na grande mentira que minha mãe estava tentando eu fazer acreditar, embora às vezes ficava muito apreensivo e falei.

— Mas mãe, é só um pouquinho, depois entro vou tomar banho, jantar e ir dormir, posso?

Senti um olhar fulminante da minha mãe e já esperava ela negar e foi quando ela falou.

— Está bom filho deixa a mãe acabar de estender esta roupa que vou um pouquinho com você no parque para você soltar seu quadrado. Entrei correndo para dentro de casa e peguei a minha pipa e a linha e corri para a frente da minha casa para esperar minha mãe.

Os minutos foram passando, passando e nada de aparecer minha mãe para irmos ao parque, desci sorrateiramente a grande escada existente na nossa residência, abri o portão e fiquei imaginando: já que minha mãe não aparece vou dar uma fugidinha e ela nem irá perceber.

Fechei o portão e observei que vinha na calçada um cachorro babando e quando passou perto de mim, tentei espantá-lo com medo que me mordesse e inesperadamente ele avançou em mim e mordeu minha mão e minha coxa esquerda e foi embora. A mordida doía muito e voltei correndo para contar o ocorrido para minha mãe que imediatamente começou a fazer o curativo sob uma enorme bronca. Após ser medicado com algumas ervas minha mãe pediu para eu ficar quietinho no sofá que ela iria preparar o jantar.

Passados alguns minutos apareceu a Marinilza que era uma vizinha e pediu para falar com minha mãe, eu corri até a cozinha e anunciei a presença da vizinha que passaram a conversar sobre o cotidiano e eis que em um determinado momento ela disse:

— Sabe Thereza, não deixa o Luiz sair sozinho por aí que disseram que tem um cachorro louco babando dando voltas pelo bairro. Minha mãe pediu mais detalhes sobre o cachorro e chegaram a conclusão que eu tinha sido mordido pelo cachorro louco.

Minha mãe agradeceu a Marinilza pela informação e voltou para mim e disse: assim que seu pai chegar nós vamos ao médico para saber como devemos fazer.

Comecei a soluçar baixinho e pensava que eu também iria ficar louco. Meu pai chegou, chamaram um táxi e dentro de uma hora estávamos na frente de um enorme hospital chamado Emílio Ribas.

O médico me atendeu, os enfermeiros fizeram alguns curativos e receitou tomar vinte e uma injeções na barriga uma injeção por dia.

Eu odiava injeções e voltamos para casa e no outro dia minha tia Terezinha foi levar eu até o hospital para tomar a primeira injeção na barriga.

Era uma verdadeira aventura chegar até o hospital, pois, eram necessários tomar dois ônibus para ir e dois ônibus para voltar e estava começando a gostar das viagens cotidianas para chegar até o hospital.

Lembro-me de dois fatos muito engraçados que aconteceram durante as nossas viagens: O primeiro foi quando eu embarquei e minha tia ficou do lado de fora e o motorista começou a acelerar e o pessoal a gritar que tinha ficado um menininho órfão sozinho. Minha tia entrou no coletivo e xingou muito o motorista e eu apenas sorria.

Em outra ocasião quando estávamos passando em frente a estação ferroviária Júlio Prestes, no centro da capital paulista observamos que tinha uma multidão e nos aproximamos e lá estava o querido Mazzaropi participando de mais uma filmagem de um filme que estava sendo filmado naquele tempo.

Depois de alguns dias tomando a vacina para cachorro louco já nem chorava mais, tinha acostumado com a mesma e as enfermeiras até brincavam comigo, enaltecendo minha coragem.

O tempo passou e as vinte umas injeções foram aplicadas na minha barrica e não senti nenhum sintoma de loucura o que tranquilizou muito meus pais que a partir daquele momento sempre ficavam vigiando minhas atitudes que pareciam normal e até hoje quando me dispo e vejo a cicatriz lembro desta fantástica história.

AS MELHORES EMISSORAS DE RÁDIO

 


Se eu fosse milionário eu compraria três emissoras de rádios: Rádio Bandeirantes, Rádio Jovem Pan e Rádio CBN, pois são as rádios que ouço diariamente na minha casa atualmente. Aprendi a ouvir rádio quando eu tinha dez anos de idade, hoje estou com sessenta e quatro anos, então ouço rádio exatos cinquenta e quatro anos. Tudo começou quando morávamos em um bairro chamado Ponte Rasa, no extremo leste da cidade de São Paulo. Em 1965 lembro que quando acontecia o clássico jogo São Paulo x Santos e meu pai me convidava para ouvirmos o jogo deitados embaixo de um pé de abacate e o radinho sempre sintozidado na Rádio Bandeirantes AM. Nosso vizinho era santista e ele também gostava de ouvir os jogos que eram narrados pela rádio. Então ele ficava ouvindo o jogo na residência e nós ficávamos ouvindo o jogo embaixo do pé de abacate.

Naquela época o Santos tinha dois jogadores de futebol maravilhosos: Pelé e Coutinho, e o time era quase que imbatível, mas mesmo assim quando acontecia o jogo ao qual o São Paulo FC enfrentava outro time qualquer lá estávamos deitados e escutando o jogo, geralmente pela Rádio Bandeirantes. Era uma verdadeira festa na nossa mente quando o querido locutor esportivo Fiori Giglioti começava a transmissão: abrem-se as cortinas e começa o espetáculo e então nós ficávamos quietinhos ouvindo um dos maiores e melhores locutores esportivos de todos os tempos. Eu até aquele momento não tinha decidido para qual time eu ia torcer, mas vendo e sentindo a emoção e euforia do meu pai tornei-me São paulino também, nem tanto igual ao meu pai, mas sempre que alguém perguntava qual time eu torcia, respondia muito orgulhoso que era Sãopaulino.

Então a partir daquela época sempre ouvíamos as partidas memoráveis embaixo do grande pé de abacate e foi num determinado dia que ouvindo um jogo embaixo do pé de abacate que meu pai disse que tinha comprado um presente para mim. Olhei para todos os lados e nada vi foi quando ele sorrateiramente tirou do bolso da calças um pacotinho embrulhado e disse:

- Abre Luiz, você vai gostar do presente. E eu um pouco apreensivo não fazia a menor ideia o que fosse o tal do presente e imediatamente rasguei o papel e meus olhos lacrimejaram de tanta felicidade: um radinho de pilha, sim, tinha ganho um simples radinho de pilha! Dei um caloroso abraço no meu pai e imediatamente sintonizei na Rádio Bandeirantes Am. A partir daquele dia comecei a ouvir rádio, não só jogos, mas sim todos os programas, visto que naquela época nós não tínhamos televisão, então o rádio era nosso meio de comunicação.

O tempo foi passando, passando e quando eu tinha dezessete anos conheci a Rádio Pan-americana (Rádio Jovem Pan), lembro-me até hoje que fomos pintar a casa de uma tia e sintonizei meu rádio, que naquela época era um Motorola e lá ficamos a ouvir a Rádio Jovem Pan em um jogo pela Libertadores da América: São Paulo x Atlético. Era finalzinho de janeiro e estava um calor sufocante naquele domingo. O jogo terminou empatado 0 x 0 e a narração maravilhosa de Osmar Santos encantava a todos.

Bom, a partir de 1972 comecei a ouvir a Radio Jovem Pan por ter conhecido um dos maiores locutores esportivos: Osmar Santos, com uma narração vibrante e as partidas pareciam uma festa e um dos jargões que lembro até hoje era: E pimba na gorduchinha!

Nesta época eu já tinha optado em ouvir a rádio Jovem Pan e meu pai sempre fiel aos seus princípios continuava na Radio Bandeirantes e grandes conflitos aconteceram, pois cada um de nós tínhamos nossa preferência. Eu Jovem Pan e meu pai, Bandeirantes. A solução foi cada um ir para o seu canto. O tempo foi passando e conheci a rádio Eldorado FM em 1975 e fiquei encantado com a programação em FM e passei a ouvir a Eldorado e meio dia sintonizava na rádio Bandeirantes para o ouvir Hélio Ribeiro, programa maravilhoso, adorava quando ele traduzia algumas músicas do inglês para o Português. De 1975 até 1980 ouvia a rádio Eldorado FM porque tocava músicas clássicas e tinha uma programação maravilhosa, a imposição de voz dos locutores eram impressionantes, os programas eram para um público erudito, enfim, eu adorava a programação.

Quando chegou 1981 novamente voltei a ouvir a Rádio Jovem Pan Fm e fiquei apaixonado pela programação sempre dedicada ao público jovem e passei a ouvi-la e esporadicamente ouvia a rádio Bandeirantes e Eldorado FM. Foi quando em 1991 conheci a rádio CBN e lá vamos nós trocar de emissora de novo, muitas notícias, muitas informações e o dial ficava 24 horas sintonizado nesta emissora e isto me fascinava naquele momento. Foi uma fidelidade que durou aproximadamente 15 anos e eis que em 2005 um primo disse: Luiz, você que gosta de rádio, inauguram hoje uma rádio chamada BandNews Fm, sintoniza que você vai gostar. Era muito engraçado quando inauguraram ouvir o querido Ricardo Boechat falar que a Barra Funda ficava na zona Norte de São Paulo, estava perdidinho aqui em São Paulo, pois, o mesmo era carioca, cheguei até a pensar: Caramba, este locutor não vai dar certo nesta emissora e o tempo foi passando e ele tornou um ícone da BandNews e eu novamente fixei meu dial na Bandnews e desde 2005 até os dias de hoje fico oscilando entre as quatro melhores rádios em jornalismo: Bandnews FM, Bandeirantes, CBN e Jovem Pan. Estas são realmente as melhores rádios atualmente em jornalismo e às vezes fico pensando: Poxa! Tem locutores maravilhosos nesta rádio, mas também tem naquela outra e naquela outra também e fico imaginando reunir todos esses locutores em apenas uma rádio e eu não ficaria mudando de estação em estação. Ainda há tempo para que tudo isto aconteça.

LIBERDADE

  Há tempos que venho sendo acordado pelo mavioso canto de um pássaro na velha jaqueira existente no quintal da casa onde eu moro. Acordava,...