Dos vários bares que conheci ao longo dos meus sessenta e quatro anos, existiu um bar que jamais irei esquecê-lo, chamava-se Bar do Fisgueti.
Diferente de tudo aquilo que um experiente boêmio possa desejar, o bar ficava localizado na rua Barão de Jacareí em Jacareí-Sp. De uma simplicidade invejável lá estava o querido e saudoso Fisgueti para receber todos os boêmios no finalzinho da noite, início da madrugada.
Muito linda era a hora da abertura do bar, nunca antes das onze da noite e fechava apenas quando saísse o último freguês devidamente alcoolizado.
Uma televisão antiga, preto e branco pendurada numa das rústicas paredes, um enorme balcão e vários boêmios postados ao redor do enorme balcão de madeira, bebericando todos os tipos de bebidas alcoólicas existentes naquela época e degustando deliciosos churrascos no pão ou apetitosas almôndegas que repousavam numa estufa clamando uma boa mordida.
Conheci o bar após sair de uma choperia e ainda sentir muita sede de beber a famosa “saideira” e após rodarmos quase toda a cidade, lá estava nosso Oásis e assim que chegamos ao bar ficamos um pouco apreensivos, mas mesmo assim entramos e sentamos numa carcomida mesinha e ficamos bebericando nossa “última” cerveja da noite.
A partir deste dia sempre fazíamos uma parada no bar do Fisgueti nas madrugadas e assim íamos seguindo e acabei descobrindo o que existia de mais engraçado e inusitado no bar: era a corrida de São Fisgueti, que acontecia no dia 30 de dezembro para não existir concorrência com a São Silvestre.
Resolvi participar da corrida São Fisgueti e antes da corrida começar, existia uma grande concentração no próprio bar do Fisgueti, regada a muitas cervejas, cachaças, vinhos, batidas e todo tipo de bebida alcoolica e assim fazíamos nosso aquecimento entre vários sorrisos e abraços de felicidade.
O mais engraçado e inusitado é que só podia participar da corrida quem estivesse devidamente alcoolizado, caso estivesse sóbrio, era eliminado assim que a corrida começasse, foi exatamente o que aconteceu comigo, pois, eu não estava devidamente alcoolizado e após cem metros fui gentilmente retirado da corrida por importantes fiscais semialcoolizados.
A estrutura era enorme, pois, existia até uma ambulância cedida pela prefeitura da cidade acompanhando os atletas e socorrendo os mesmo de possíveis quedas e era muito divertido, pois, eram apenas mil metros a serem percorridos e quando a largada era anunciada via-se alguns atletas que mal conseguiam dar alguns passos e saiam da avenida e voltavam para a avenida e vencia quem chegava por último e a concentração novamente era no bar,com muita euforia e alegria entre abraços e o gritos de felicidade dos atletas alcoolizados.
Até hoje quando eu me lembro do bar do Fisgueti sinto uma certa tontura e dou gostosas gargalhadas do que existiu de mais belo para todos os boêmios de plantão daquela época em Jacareí. Bar do Fisgueti!