terça-feira, 6 de outubro de 2020

BAR DO FISGUETI





Dos vários bares que conheci ao longo dos meus sessenta e quatro anos, existiu um bar que jamais irei esquecê-lo, chamava-se Bar do Fisgueti.

Diferente de tudo aquilo que um experiente boêmio possa desejar, o bar ficava localizado na rua Barão de Jacareí em Jacareí-Sp. De uma simplicidade invejável lá estava o querido e saudoso Fisgueti para receber todos os boêmios no finalzinho da noite, início da madrugada.

Muito linda era a hora da abertura do bar, nunca antes das onze da noite e fechava apenas quando saísse o último freguês devidamente alcoolizado.

Uma televisão antiga, preto e branco pendurada numa das rústicas paredes, um enorme balcão e vários boêmios postados ao redor do enorme balcão de madeira, bebericando todos os tipos de bebidas alcoólicas existentes naquela época e degustando deliciosos churrascos no pão ou apetitosas almôndegas que repousavam numa estufa clamando uma boa mordida.

Conheci o bar após sair de uma choperia e ainda sentir muita sede de beber a famosa “saideira” e após rodarmos quase toda a cidade, lá estava nosso Oásis e assim que chegamos ao bar  ficamos um pouco apreensivos, mas mesmo assim entramos e sentamos numa carcomida mesinha e ficamos bebericando nossa “última” cerveja da noite.

A partir deste dia sempre fazíamos uma parada no bar do Fisgueti nas madrugadas e assim íamos seguindo e acabei descobrindo o que existia de mais engraçado e inusitado no bar: era a corrida de São Fisgueti, que acontecia no dia 30 de dezembro para não existir concorrência com a São Silvestre.

Resolvi participar da corrida São Fisgueti e antes da corrida começar, existia uma grande concentração no próprio bar do Fisgueti, regada a muitas cervejas, cachaças, vinhos, batidas e todo tipo de bebida alcoolica e assim fazíamos nosso aquecimento entre vários sorrisos e abraços de felicidade.

O mais engraçado e inusitado é que só podia participar da corrida quem estivesse devidamente alcoolizado, caso estivesse sóbrio, era eliminado assim que a corrida começasse, foi exatamente o que aconteceu comigo, pois, eu não estava devidamente alcoolizado e após cem metros fui gentilmente retirado da corrida por importantes fiscais semialcoolizados.

A estrutura era enorme, pois, existia até uma ambulância cedida pela prefeitura da cidade acompanhando os atletas e socorrendo os mesmo de possíveis quedas e era muito divertido, pois, eram apenas mil metros a serem percorridos e quando a largada era anunciada via-se alguns atletas que mal conseguiam dar alguns passos e saiam da avenida e voltavam para a avenida e vencia quem chegava por último e a concentração novamente era no bar,com muita euforia e alegria entre abraços e o gritos de felicidade dos atletas alcoolizados.

Até hoje quando eu me lembro do bar do Fisgueti sinto uma certa tontura e dou gostosas gargalhadas do que existiu de mais belo para todos os boêmios de plantão daquela época em Jacareí. Bar do Fisgueti!


LIBERDADE

  Há tempos que venho sendo acordado pelo mavioso canto de um pássaro na velha jaqueira existente no quintal da casa onde eu moro. Acordava,...