domingo, 21 de junho de 2020

PARABÉNS SÃO PAULO

A satisfação e orgulho em ser paulistano são inefáveis, pois foi nesta maravilhosa cidade onde tudo aconteceu.
      Do meu nascimento no distante ano de 1955 onde através de mãos habilidosas da minha querida avó Maria que era parteira foi quando ecoou o primeiro choro no querido bairro da Vila Maria Alta.
      Os bairros por onde nossa família morou foram vários, mas resumidamente guardo em meu coração o querido bairro da Cidade A.E. Carvalho, na zona leste da cidade de São Paulo.
      Morávamos numa casa humilde com apenas três cômodos e não existia muro, pois naquela época a violência era bem menor que hoje.
      A minha adolescência foi repleta de felicidade neste querido bairro, desde a primeira namoradinha até completar os dezoito anos e ir morar no interior.
      O primeiro emprego de Office boy conseguido com tanto esforço no centro de Sampa, os lotadíssimos ônibus da CMTC, os bailinhos da Vila Ré, O Centro Educacional da Mooca e o mágico barulho dos trens que passavam pertinho de casa apitando e levando os trabalhadores com suas marmitas para os mais diversos lugares da grande metrópole são recordações que devo a querida Sampa.
      Mas São Paulo foi à cidade que me projetou para o mundo, deu-me confiança e habilidade de encarar qualquer situação adversa com muita naturalidade e se hoje encaro qualquer situação e as resolvo com muita facilidade, devo isto à querida cidade de São Paulo.
      As alegrias e sucessos constantes adquiridos nesta cidade são suficientes para dizer com muito carinho: Muito obrigado São Paulo por ser minha companheira durante os vários anos em que estivemos juntos e jamais me esquecerei dos maravilhosos momentos vividos ao seu lado. Te amo Sampa! Parabéns!

SÁBADO NO CLUBE

A Felicidade às vezes resume-se em alguns minutos que marcam tanto nossa memória que jamais esquecemos. Eu era garoto, tinha 15 anos de idade, trabalhava como office boy numa Companhia de Seguros no centro de São Paulo e nos finais de semana adorava ir a um clube na Mooca, chamado Centro Educacional da Mooca. Lá a diversão era garantida pelo complexo de três enormes piscinas que proporcionavam a alegria de tantos garotos e garotas dos bairros da periferia.
      Aos sábados, levantava-me bem cedinho, tomava um demorado banho, alimentava-me com deliciosas rabanadas preparadas por mamãe, colocava meu short jeans, camiseta regata, chinelo havaiana e seguia assobiando até o ponto de ônibus mais próximo de casa.
      O Sol enchendo o dia de alegria penetrava pelas janelas do coletivo dando sinais que o dia seria maravilhoso. Descia na Av. Radial Leste, passava na banca de jornal e comprava uma revista chamada “POP” e o jornal O Pasquim e seguia alegremente até o clube da Mooca.
      O bom dia ao porteiro era espontâneo e carregado de “Muito Obrigado por existir aquele clube maravilhoso”.
      Sentava-me nas macias e confortáveis poltronas de uma enorme sala de descanso, folheava a revista POP e encantava-me com fotos de praias maravilhosas, lugares encantadores e hippies andando pelo Mundo. Viajava nas páginas e ficava imaginando a alegria daqueles fotógrafos, jornalistas em fazer uma viagem tão linda.
      O tempo ia passando e as pessoas iam vagarosamente chegando ao clube, porque sábado era e ainda é um dia propício para dar espaço para a alma e fazer tudo com mais calma.
      Às vezes quando estava lendo um artigo da revista ou do Jornal, ficava tão compenetrado que esquecia que estava num clube e só ouvia os cantos dos pássaros saudando o dia maravilhoso.
      De tanto frequentar o clube, consegui uma namoradinha chamada Rebeca, a mesma morava na periferia e frequentava o clube assiduamente todos os finais de semana.
      A beleza de Rebeca era indescritível, era morena, cabelos longos, olhos verdes e adorava ler; a leitura foi um bom começo para o inicio do nosso singelo relacionamento.
      Sempre que Rebeca chegava ao clube, entrava sorrateiramente e sentava-se ao meu lado, às vezes nem percebia a presença da garota, mas o perfume que ela usava invadia meu olfato e denunciava sua presença e ela dizia calmamente:
-  Nossa, este artigo que você está lendo deve ser muito bom, pois nem percebeu minha presença!
Um pouco envergonhado, levantava-me e dava um carinhoso beijo na sua face e pedia mil desculpas pela distração. Ela sorria, abraçava-me e íamos tomar um delicioso café na cantina do clube.
       Lá pelas 10 horas entrávamos na piscina e ficávamos apreciando o que existia de mais encantador: O Sábado, a piscina e o lindo sorriso da minha querida namoradinha chamada Rebeca.

DATILOGRAFIA

 
Hoje olhando para o teclado do computador  fico maravilhado com as mudanças ocorridas nos últimos... ”deixa eu pensar” trinta anos, é exatamente por ai.   Lá pela década de 70  lembro-me que quando completávamos  treze  anos  nossos  pais  começavam a procurar uma escola de datilografia, que geralmente localizava-se nos bairros em que morávamos. Naquela época todos os bairros tinham uma escolinha de datilografia, onde recebiam os alunos carinhosamente para o aprendizado que eles levariam para uma vida inteira.
Comigo não foi diferente, logo aos treze anos minha mãe conseguiu matricular-me numa escola de datilografia que ficava no bairro onde morávamos. Era uma escola muito singela, com umas três máquinas Remington em cima de algumas mesinhas carcomidas pelo tempo, algumas folhas de papel sulfite e um professor magrelo com umas folhas amareladas que rapidamente colocou-as ao lado da máquina e passou a dar-me as primeiras instruções: colocar a folha na máquina, fazer as primeiras tabulações e orientar-me quando as duras teclas que deveriam ser apertadas sequencialmente imprimindo a mesma força para todos os dedos.
Meio atrapalhado e sempre observando a habilidade do professor magrelo, ficava imaginando onde alguém poderia aproveitar um datilógrafo medíocre como eu.
Mas eu não esmorecia e todo o dia lá estava eu, suando em bicas  a apertar as duras teclas da velha máquina de escrever Remington, até que num determinado dia disseram que eu já estava preparado para ser um datilógrafo. Ri muito e não acreditei,  cheguei com meu diplominha e coloquei na gaveta do guarda-roupa e fiquei pacientemente aguardando uma oportunidade de mostrar toda a minha habilidade de datilógrafo que tinha aprendido com o professor “caveirinha”.
   Não demorou muito e comecei a trabalhar numa Cia. De seguros e aí toda a minha habilidade fora demonstrada com grande habilidade e muitas folhas caídas pelo chão, até tornar-me um exímio datilógrafo e desafiar algumas empresas em querer trabalhar por produção.
   Mas isto aconteceu faz muito tempo e muitos jovens de hoje jamais têm a noção o que é uma máquina de escrever e não sabem nem de longe o que é ser datilógrafo e ter que aguentar o professor nas quentes tardes de verão, sem ventilador... Ufa, como adoro nossos dias.....mas sinto saudades  da antiga e amiga máquina de escrever  Remington, que virou peça de museu, assim como eu estou virando! 

TRUCO NA PRAIA

O mês de dezembro de 1995 chegara trazendo muito Sol, alegria e muitas pessoas bonitas para o litoral norte e lá estava eu vendendo os sorvetes do Senhor Jairo na Praia Itamambuca.
         Carregava a enorme caixa de isopor de sorvetes na Praia de Perequê-Açú e caminhava até o trevo onde estava a Rodovia Rio-Santos sentido Paraty-RJ e lá ficava aguardando pacientemente o ônibus que transportar-me-ia até a Praia de Itamambuca.
         Itamambuca é uma das praias mais lindas de todo o litoral norte de São Paulo, após aproximadamente uma hora de viagem apreciando a linda paisagem de belas praias descia na rodovia e caminhava até um pequeno povoado que localizava-se na estrada de terra distante uns três quilômetros da Praia de Itamambuca.
         Entrava no bar do Zé Prefeito e degustava algumas cervejas bem geladas e após sentir-me bem preparado e relaxado colocava a enorme caixa de isopor dentro de um carrinho da sorveteria que ficava amarrado embaixo de uma enorme árvore e caminhava vagarosamente pela maravilhosa estrada de terra assobiando lindas canções de Chico Buarque de Holanda e apreciando maravilhosas casas de ricos turistas e a mente viajava entre o pousar de um pequeno pássaro ou alguma pequena borboleta em pequenas árvores que completavam toda a beleza e encanto do local.
         Durante o breve percurso sempre acenava para algum turista que saia das mansões para recolher o jornal ou caminhava lentamente até o Bar do Zé Prefeito para comprar pães e leite para o café matinal ao lado de lindos cães.
         Ao chegar na praia estacionava meu carrinho de sorvetes ao lado do quiosque da Conceição e sentava-me confortavelmente num tosco pedaço de árvore e ficava aguardando meus primeiros fregueses que não demoravam a aparecer.
         Naquele dia a preguiça invadia minha alma e assim que cheguei na praia observei uma família ao redor de uma mesa colocada embaixo de um enorme bangalô jogando truco e bebendo cervejas.
         Fiquei muito feliz admirando tanta felicidade reunida entre gritos de truco e copos entornados de geladas cervejas e resolvi brincar com o pessoal dizendo:
- E aí pessoal aceitam um ótimo jogador de truco na próxima rodada?
Os olhares perscrutadores e alguns sorrisos foram lançados e pediram para eu aguardar a próxima partida que eu iria jogar com a toda a família. Fiquei eternos minutos aguardando o término da partida e entre a venda de um sorvete e outra um velho senhor acenava dizendo que eu iria ser seu parceiro no próximo jogo.
         O jogo terminou e pediram gentilmente para eu sentar que eu iria participar do jogo de truco e assim que terminamos de “bater os reis” e meu parceiro foi definido passamos a jogar cautelosamente entre uma piscada e outra para sinalizar a presença de alguma boa carta: copas, sete ouro, espada ou mesmo o zape e após alguns minutos eu e meu parceiro estávamos fora do jogo sendo humilhado por uma pequena garota que enfiou “seis” na nossa cabeça e lá estava eu e meu parceiro sentados humildemente no tosco tronco de árvore culpando-nos simultaneamente pela derrota.
         A conversa e as experiências da vida eram colocadas naturalmente no delicioso clima da praia e foi quando eu disse ao próspero senhor que torcia para o São Paulo Futebol Clube e ele sorriu e disse que amava muito o São Paulo e tinha ido até o Japão assistir a final e comprara uma enorme bandeira que estava hasteada no topo da sua residência e convidou-me para ir até sua casa com toda sua família.
         Tentei recusar o pedido mas não houve acordo, pediram gentilmente para eu guardar meu carrinho e seguimos à pé até a casa do meu mais novo amigo que ficava apenas um quilômetro da praia.
         Assim que avistei a casa do meu parceiro de truco não acreditei e meus olhos nunca tinham visto uma casa tão linda: Era em formato hexagonal, totalmente de vidro e uma enorme bandeira do São Paulo Futebol Clube tremulando no topo do Castelo. Exclamei: Nossa que maravilhosa casa!
         O meu mais novo amigo pediu que eu entrasse e assim que vi lindos tapetes brancos na sala recusei, pois os meus pés estavam um pouco sujos e ele disse:
- Ora Luiz deixa de frescura e entra logo que irei mostrar minha adega!
         Descemos alguns degraus de uma escada caracol e fiquei diante de uma adega repleta de vinhos de todas as marcas e procedências colocados numa enorme prateleira com pouca iluminação.
         O amigo observou vários litros e resolveu pegar um que ele tinha comprado na Espanha para brindar a minha presença e subimos e ficamos confortavelmente sentados ao redor de uma mesa branca ao lado de uma linda piscina conversando e rindo muito das nossas andanças pelo mundo.
         Fazia-se tarde e resolvi ir embora, pois necessitava pegar o ônibus para Ubatuba e meu amigo disse:
- Poxa Luiz, não fique preocupado com a sua locomoção, pois pedirei para o meu motorista levar você até sua residência.
         Bem mais despreocupado ainda coube tempo para bebermos algumas cervejas importadas entre vários sorrisos de felicidade e quando foi uma hora da manhã resolvi ir embora e foi quando ele chamou o motorista que apresentou-se e abriu a porta traseira do luxuoso carro e pediu gentilmente para eu entrar e eu comecei a rir muito e disse:
- Que isso amigo, não há a necessidade de tanta formalidade, vou no banco dianteiro mesmo! e assim seguimos viagem até a casa da minha tia Ana e quando chegamos e o lindo carro parou em frente da casa da tia Ana todos saíram para observar e disseram:
- Que amizade maravilhosa, tem até motorista particular! E caíram em gargalhadas. Entrei sorrindo e dei um enorme grito:

Truco!

LIBERDADE

  Há tempos que venho sendo acordado pelo mavioso canto de um pássaro na velha jaqueira existente no quintal da casa onde eu moro. Acordava,...