Após breve estadia na casa da
minha tia em Guarulhos, no ano de 2.000, segui meu caminho por quartos de
cortiços e pensões escuras, vivendo miseravelmente e comendo em restaurantes de
um real, longe da maravilhosa tecnologia, sem recursos financeiros para comprar
um simples livro num sebo da vida e para fugir um pouco da realidade do
cotidiano comecei a ler desesperadamente tentando achar algum lugar no mundo, nos
castelos medievais, na linda cidade de Macondo do livro "Cem anos de
Solidão" de Gabriel Garcia Marques ou talvez acompanhar nosso herói Dom
Quixote ou morar na pensão onde morava Clarissa de Érico Veríssimo.
Foram vários livros lidos e inúmeras
visitas a biblioteca do Seródio. Lia todos os dias aproximadamente umas oito
horas, sempre à noite, quando chegava do serviço ficava até às seis horas da
manhã lendo, lendo e lendo.
Eu estava vivendo de um sonho, o sonho da leitura e da maravilhosa literatura,
quanto mais eu lia mais queria ler e assim conheci um pouco da obra e vida do
nosso maior escritor brasileiro Machado de Assis. Sentia-me oprimido diante de
tantas crônicas maravilhosas, tantos escritores sapientíssimos e resolvi
avançar um pouco mais e comecei a ler grandes clássicos da literatura universal
até que um livro mudou minha vida e minha maneira de pensar sobre tudo e sobre
todos.
Num determinado dia minha filha chegou em casa e disse que tinha uma ótima dica
de leitura passada por professores da faculdade e indicou-me “Os miseráveis” de
Victor Hugo. Comecei a ler o livro e fiquei apaixonado pela leitura e quanto
mais lia mais emotivo ficava, cheguei a alguns momentos a chorar e só ai
percebi o tanto quanto um livro pode emocionar um leitor. Terminei a leitura
dos Miseráveis e senti-me preparado para começar a escrever alguns pífios
textos e sempre escrevia e guardava-os, com receio que alguém visse e pudesse
apontar algum erro de português.
A ousadia fez-me conhecer um pouco da obra de Fiodor Dostoievski, autor russo,
o Machado de Assis dos Russos, simplesmente maravilhosas as obras. Mas... infelizmente
comecei a ler um pouco tarde, somente aos quarenta anos de idade, se soubesse o
prazer que uma leitura proporciona começaria a ler livros quando criança, bem
criança, mas como diz o “ditado popular” antes tarde do que nunca, começamos,
agora o difícil é parar. Cada dia que passa sinto uma necessidade enorme de
escrever algo e ler um pouquinho mais. Enquanto conseguir mover os dedos
e enxergar seguirei escrevendo sobre emoções vividas e fatos passados e sempre
acompanhando a evolução educacional da minha netinha, pois em breve será ela
que lerá para mim e eu ditarei algumas poucas crônicas perdidas no fundo dos
poucos neurônios carcomidos pelo tempo e pela vida. Fechar os olhos e poder
dizer com dignidade: Valeu a pena viver... e ler...e escrever. “Tá escrito”
leiam! O quê?

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