Eu já vinha
programando minha mudança para um local qualquer, pois eu estava morando com
uma irmã num bairro para poder ir comprando uns móveis velhos para mobiliar meu
novo lar.
Um primo
disse que existia uma casa desocupada por um preço bem acessível e resolvi
espiar a tal casa. Marcamos de ir ver a casa e a priori não achei muito bom,
pela localização e por ficar no pé de um morro bem íngreme, mas para quem não
tinha onde morar estava mais que bom.
Acertei o
primeiro aluguel com o proprietário e fiquei de mudar no final daquele mês, mas
uma irmã disse para eu mudar logo, afinal já tinha pago o aluguel e nada mais justo
que ir morar na casa.
Uma
sobrinha prontificou-se a levar-me até a casa e lá fomos nós, com apenas um
colchão e algumas roupas de cama e lá me deixaram e foram embora me largando
entre quatro paredes e o colchão jogado no meio do quarto.
Olhei as
paredes carcomidas, fiquei parado na porta da cozinha vazia e na minha frente
existia um enorme muro que dava impressão de estar em um presídio, mas não me
abalei, afinal já tinha morado em locais bem mais aterrorizantes que aquele.
Tomei um
demorado banho com um pedaço de sabonete que achei jogado em cima da pia e fui
para o boteco tomar umas biritas para poder acalmar a alma. Após estar semi
embriagado desci o morro e estiquei meus ossos no velho colchão que estava no
quarto.
E assim os
dias foram passando e três dias depois recebi um dinheiro e fui pegar minha
mobília que tinha comprado com tanto esforço vendendo empadas.
Os poucos
pertences foram colocados dentro de uma van e a mudança aconteceu e quando
chegamos a minha nova residência o motorista da van e meu cunhado deram um
tchau e foram embora, largando tudo na frente da casa. Fui até uma obra e pedi
para os serventes se poderiam ajudar-me e imediatamente fizeram o transporte dos
velhos móveis.
Vagarosamente
fui arrumando os móveis nos lugares que achava que ficariam bem posicionados e
fui ao mercado comprar uma caixa de cerveja bem gelada para comemorar o novo
lar.
Comprei um
frango assado para poder degustar com as cervejas e assim que abria uma lata de
cerveja escutava o barulho de uma garrafa sendo aberta e a tampa caindo no chão
fazendo barulho.
A primeira
vez fiquei um pouco assustado, mas não dei muita “bola”, pois pensei que fosse
o barulho da velha geladeira ou algum aplicativo do celular sendo acionado.
Abri e segunda lata de cerveja e novamente o barulho da garrafa sendo aberta e
a tampinha caindo no chão. Bebi um gole de cachaça e assim foi acontecendo, abria
a lata de cerveja e escutava a garrafa sendo aberta e o barulho da tampinha em
contato com o chão.
Aquele dia
fui dormir um pouco tonto e pensando o que estava acontecendo comigo que a
partir daquele momento estava escutando barulhos estranhos, também não liguei
muito e joguei a culpa nas cachaças e nas cervejas.
Os dias
foram passando e eu continuei bebendo cervejas e escutando o barulho da garrafa
e era até engraçado, pois de tanto escutar o barulho dizia em voz alta: E aí
espirito cachaceiro não vai oferecer desta cerveja não? Ria e abria mais uma
lata de cerveja e os dias foram passando e todas às vezes que bebia cervejas lá
aparecia a tal da garrafa sendo aberta com a tampinha rolando no assoalho.
Certo dia
conversando com um vizinho ele me disse que aquela casa onde eu estava tinha
morrido um rapaz de tanto beber, e o papo continuou e comecei a refletir o porquê
do barulho da garrafa sendo aberta. Era o espírito cachaceiro!
Sabendo daquele fato pedi
para o proprietário da casa que queria mudar de casa urgentemente e fui atendido
e a partir daquele dia na nova casa nunca mais escutei a garrafa sendo aberta e
a tampinha rolando pelo assoalho. O espirito cachaceiro tinha ficado na casa
mal assombrada ou foi para algum boteco perto da residência beber umas lisas
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